Resgatar o prazer pela leitura: uma missão possível.

Atualmente, o mundo virtual nos fornece uma imensidade de informações. Entretanto, são os livros que apresentam às crianças, jovens e adultos um horizonte infinito de histórias, romances, poemas, contos, e muito mais. Aprender, explorar, descobrir… criar novos mundos e novas realidades. Apesar da literatura abrir portas e janelas para um universo fascinante de conhecimentos, curiosidades, modos diversos de ver o mundo, muitas crianças e jovens não se sentem motivados a ler. Talvez isso seja um reflexo da leitura utilitária, tão incentivada nas práticas pedagógicas escolares tradicionais.

160 - leituraPrecisamos incentivar a prática da leitura prazerosa aos nossos jovens, em contraposição a uma pseudo-literatura que pretende apenas “treinar” o aluno para responder um questionário sobre a obra lida. Esse tipo de prática não desperta o gosto pela leitura, mas sim uma espécie de aversão a livros e literatura.  Poucas crianças têm o hábito de ler em nosso país. A maioria tem o primeiro contato com a literatura apenas quando chegam à escola. E, a partir desse momento, torna-se obrigação. Na verdade, a promoção da leitura é um compromisso de todos que participam do processo educativo da criança. Não devemos culpar ou responsabilizar apenas a escola. Compete não somente à escola o papel de incentivar a leitura, mas a todos que se sentem envolvidos no processo de formação de cidadãos autônomos, reflexivos, criativos e críticos. Assim, é de suma importância que a família incentive essa prática, subsidiando atividades leitoras dentro e fora de casa. Ademais, a leitura frequente ajuda a criar familiaridade com o mundo da escrita. A proximidade com o mundo da escrita, por sua vez, facilita a alfabetização e ajuda em todas as disciplinas, já que o principal suporte para o aprendizado na escola é a letra escrita. Ler também é importante porque ajuda a fixar a grafia correta das palavras. Sobre a produção literária para as crianças, Côrtes[1] afirma que é uma atividade difícil e que é preciso “ser simples, sem ser simplório”. Brenman[2] também considera essa tarefa um grande desafio: “Não podemos achar que eles aceitam ou precisam de uma literatura fácil, mastigada, simplificada, pelo contrário, devemos proporcionar uma experiência em que os leitores se desloquem do seu lugar habitual. É preciso ter muito respeito à inteligência infantil”. Este é o mês da literatura infantil. Várias atividades lúdicas envolvendo o livro serão proporcionadas às criancas da Escola Sempre-Viva no sentido de fazê-las amantes dos livros. Leitura na rede, contação de história, pé de livro, feira de troca de livros, etc: são momentos que têm como principal objetivo trazer o livro para a criança como um brinquedo. É uma confraternização literária, parte do processo que envolve a leitura prazerosa cotidianamente na nossa escola.

Para concluir nada melhor que a célebre frase de nosso querido Monteiro Lobato “Um país se faz com homens e com livros” – o céu não é o limite para aquele que lê!

(Carla Camboim)

[1]                      Escritora e especialista em literatura infantil e juvenil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Flávia Côrtes.
[2]                      Escritor e doutor pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP, Ilan Brenman.

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