Durante o mês de março, em comemoração ao dia das mulheres e dentro do tema central ‘nordeste, cultura e eu’ as crianças desenvolveram atividades sobre algumas mulheres nordestinas. Cada turma realizou pesquisas e definiu as personagens com as quais trabalharam durante o período.
Cada uma das mulheres escolhidas tem histórias de lutas e vitórias nas suas vidas, representatividade nas atividades que escolheram e são nascidas no nordeste.
Foram as seguintes:
Cátia de França
Catarina Maria de França Carneiro
13/12/1947, João Pessoa/PB
Desde menina, Cátia aprendeu a dominar instrumentos como o piano, a sanfona e o violão. Mais tarde se interessou pelos estudos da flauta e pela percussão. Foi professora de música por algum tempo, até começar a compor em parceria com o poeta Diógenes Brayner.
Na década de 60, a cantora participou de festivais de música popular, época em que viajou à Europa com um grupo folclórico do qual participava. De volta ao Brasil, foi para o Rio de Janeiro, onde contatou outros músicos nordestinos, como Zé Ramalho, Elba Ramalho, Amelinha e Sivuca. Mais tarde, foi parceira de palco de Jackson do Pandeiro durante a primeira versão do Projeto Pixinguinha, em 1980.
O primeiro LP solo, 20 Palavras ao Redor do Sol, foi lançado em 1979, com músicas compostas com base em poemas de João Cabral de Melo Neto. Uma música da cantora foi trilha sonora do filme Cristais de Sangue, de 1975. Em cerca de 40 anos de carreira, Cátia gravou três LPs: Vinte Palavras ao Redor do Sol,Estilhaços e Feliz Demais, e dois CDs: Avatar (com participações de Chico César e Xangai ) e Cátia de França canta Pedro Osmar, no qual ela demonstra a força criativa da música paraibana.
Cátia também adentrou pelo mundo da literatura e das artes plásticas, com destaque para os livros Zumbi em Cordel, Falando de Natureza Naturalmente (infantil) e Manual da Sobrevivência, um resgate de sua trajetória pessoal e profissional.
Alcione
Alcione Dias Nazareth nasceu em São Luís do Maranhão no dia 21 de novembro de 1947. O nome de batismo foi ideia do pai, inspirado na personagem Alcíone, a protagonista do romance espírita Renúncia, psicografado
por Chico Xavier. Ela é a quarta dos nove irmãos. Alcione tem mais nove meios-irmãos que seu pai teve com outras mulheres. Sua mãe chegou a amamentar algumas dessas crianças, por considerar que as crianças não poderiam ser culpadas pelas traições do marido.
Desde pequena, graças ao pai policial e integrante da banda de sua corporação, João Carlos Dias Nazareth, inserida no meio musical maranhense, Alcione fez sua primeira apresentação já aos doze anos. O pai foi mestre da banda da Polícia Militar do Maranhão e professor de música. Além disso, foi compositor e entusiasta do bumba-meu-boi, folguedo típico da capital maranhense. Foi ele quem lhe ensinou, ainda cedo, a tocar diversos instrumentos de sopro, como o trompete e clarinete que começou a praticar aos nove anos.
Sua primeira apresentação profissional foi aos 12 anos, na Orquestra Jazz Guarani, regida por seu pai. Certa noite, o crooner da orquestra ficou rouco, sendo substituído pela menina. Na ocasião, cantou a canção “Pombinha Branca” e o fado “Ai, Mouraria”.
Aos 18 anos de idade formou-se como professora primária na Escola de Curso Normal. Lecionou por dois anos, quando foi demitida aos 20 anos, por ensinar a seus alunos como se tocava trompete, que seu pai lhe ensinou quando pequena, querendo passar o aprendizado que recebeu, mas isso não agradou a direção da escola, que na época era muito rígida.
Após a demissão, continuou a dedicar-se à música, e dessa vez de forma mais intensa e exclusiva. Conseguiu uma vaga em um sorteio e apresentou-se na TV do Maranhão. Ficou fixa na TV, apresentando-se lá nos anos 1960 até meados dos anos 1970 e além de cantar na TV, também cantava em bares e boates em várias cidades do Maranhão. Querendo alcançar rumos maiores, Alcione mudou-se para o Rio de Janeiro em 1976.
Começou a se inscrever em programas de calouros, e foi sendo chamada para se apresentar. Depois de seis meses na emissora, realizou turnê por quatro meses pela América Latina, sendo a primeira vez que saiu do Brasil.
Irmã Dulce
A religiosa passava seus dias e noites nas ruas cuidando dos pobres e doentes ou se dedicando a campanhas sociais.
Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes (Irmã Dulce) entrou em 1933 para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus no Sergipe, recebendo o hábito de freira.
Após fundar a União Operária São Francisco, ajudou na criação do Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e suas famílias. A construção de albergue para doentes localizado no convento de Santo Antônio, que mais tarde foi transformado em um hospital também contou a participação da Irmã.
Por mais de 50 anos se doando aos pobres e aos doentes, a freira, foi indicada ao Nobel da Paz, recebeu do Papa João Paulo II, o título de “Serva de Deus” e foi beatificada pelo Papa Bento, passando a ser reconhecida com o título de “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”.
Irmã Dulce faleceu em 1992 e seus restos mortais estão enterrados na Capela do Hospital Santo Antônio. Existe um pedido em andamento para que ela seja canonizada e sua trajetória virou filme.
Margarida Alves
Margarida Maria Alves nasceu no dia 05 de agosto de 1933 na cidade de Alagoa Grande, Paraíba. Filha mais nova de uma família de nove irmãos, foi a primeira mulher eleita para a presidência do Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR) de Alagoa Grande em 1973. Foi também fundadora do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. À época de seu assassinato, Margarida movia mais de cem ações trabalhistas na Justiça do Trabalho local, batendo de frente contra interesses dos donos da Usina Tanques, a maior usina de açúcar do Estado, e de alguns “senhores de engenho”, remanescentes do período em que os engenhos dominavam a economia açucareira. Fazendeiros não ligados à lavoura de cana também se viram em posição oposta à sindicalista, que denunciava abusos contra trabalhadores rurais e o descumprimento da legislação trabalhista. Esses fatos, considerados inusitados, em função da então incipiente democracia brasileira, geraram grande impacto e indignação na indústria canavieira da região. Em consequência disso, Margarida passou a receber constantes ameaças. Um dia antes de seu assassinato, participou de um evento público, onde acabou falando publicamente sobre as “recomendações” que vinha recebendo para que ela “parasse de criar caso”. Apesar das ameaças, a sindicalista fazia questão de torná-las públicas. Após sua morte, Margarida tornou-se um símbolo político e representativo das mulheres trabalhadoras rurais. Em 1988, Margarida recebeu, postumamente, o Prêmio Pax Christi Internacional (Paz de Deus, em latim), movimento católico de respeito aos direitos humanos, justiça e reconciliação em regiões devastadas por conflitos. Em 2000, deu seu nome à “Marcha das Margaridas”. Essa mobilização ocorre sempre em agosto e reúne milhares de mulheres trabalhadoras rurais em Brasília. Na passeata, as mulheres apresentam pautas com reivindicações para melhorar a vida no campo e na floresta em todo o País. Elas reivindicam melhorias em relação à economia solidária, renda, agroecologia, segurança alimentar, emprego, dentre outros. A marcha é organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Débora Seabra
A potiguar Débora Seabra, primeira professora com síndrome de Down do país, foi homenageada com o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação 2015 em Brasília. O prêmio é promovido pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que elege todos os anos três pessoas – físicas ou jurídicas – consideradas exemplos no desenvolvimento de ações educativas no país.
A entrega da homenagem aconteceu na última terça-feira (27). “Eu amo o que eu faço. Amo meus alunos, amo o meu trabalho e também eu gosto muito da minha equipe de trabalho. É importante também para incluir muitas pessoas como eu”, disse Débora.
Ela é professora há mais de 10 anos e faz palestras no Brasil e em outros países, como Argentina e Portugal, sobre o combate ao preconceito. Hoje ela trabalha como professora assistente na Escola Doméstica, um colégio particular de Natal. Quando mais nova, Débora sempre estudou em escolas da rede regular de ensino e se formou no curso de magistério, de nível médio, em 2005.
Em 2013, ela lançou o seu primeiro livro, chamado “Débora conta histórias”. A obra traz várias fábulas infantis que se passam na fazenda e têm animais como protagonistas. Embora sejam animais, eles precisam lidar o tempo todo com problemas humanos, especialmente o preconceito e rejeição por serem diferentes.
O nome de Débora foi indicado a concorrer ao prêmio pelo deputado federal Rafael Motta (PROS). “Ela é um orgulho para todos os potiguares e essa é uma justa homenagem por sua competente atuação no setor educacional do Rio Grande do Norte”, contou o deputado. Ao escolher os homenageados, a Comissão de Educação levou em consideração critérios como originalidade ou caráter exemplar das ações educativas desenvolvidas pelos indicados ao prêmio.
Marta
Eleita três vezes Melhor do Mundo, brasileira passou por muitas dificuldades. Marta passou pelas dificuldades que muitos jogadores enfrentam até alcançar uma vitoriosa carreira. Teve uma infância difícil, no interior de Alagoas, onde foi criada pela mãe e pela avó. Jogou muitas peladas nas ruas de Dois Riachos, onde já se destacava graças a seu talento natural. No entanto, Marta teve um problema a mais que os demais jogadores em suas histórias de superação. Por ser mulher e viver em um país em que o futebol feminino nunca teve seu devido valor, a brasileira teve que lutar ainda mais. Depois de passagens por CSA (AL) e Santa Cruz (PE), se mudou para o Rio atrás da oportunidade definitiva. Pelo Vasco, Marta conseguiu alcançar a Seleção Brasileira adulta. Foi quando ela apareceu para o mundo. Sem títulos, mas com grandes atuações, a brasileira foi eleita três vezes a Melhor Jogadora do Mundo pela Fifa (2006, 2007 e 2008). Agora, será a estrela da Women’s Professional Soccer (WPS), recém-criada liga americana feminina, em que atuará pelo Los Angeles Sol.
Nome: Marta Vieira da Silva
Data de nascimento: 19/02/1986, em Dois Riachos (AL)
Clubes: CSA, Vasco, Santa Cruz, Umea IK e Los Angeles Sol
Títulos: Campeonato Sueco (2005, 2006, 2007 e 2008), Copa da Suécia (2007) e Copa Uefa (2004), pelo Umea IK; Pan-Americano (2003 e 2007) e Sul-Americano (2003), pela Seleção
Prêmios individuais: Melhor Jogadora do Mundo da Fifa (2006 e 2007), Bola de Ouro da Copa do Mundo Feminina (2007) e Chuteira de Ouro da Copa do Mundo Feminina (2007) FONTE: COLUNAS GOAL BRASIL