O homem nasceu para a alegria. Está é a mais importante lição que nos dá o circo. Somos enrijecidos de tensão, medo e muitas outras inconveniências que nos foi incutida desde a infância por uma sociedade anti-vida, é urgente fazermos nascer uma sociedade nova onde os valores prevalecidos sejam a alegria, a pureza, as atitudes de amor e de doação de si que fazem com que o homem volte a sentir-se feliz apenas por ser, não por ter.
O circo faz com que a vida seja movida em festa, por isso não podemos deixa-lo partir desta sociedade capitalista, em que o que não dá lucro precisa ser jogado fora. Precisamos atacá-lo com todas as nossas forças, para que não parta do universo infantil esta arte, tão genuína quanto necessária, para nos fazer sorrir.
Não deixemos mais a criançada ficar de boca entreaberta, olhos arregalados, fascinadas pelas acrobacias. Se olharmos por trás destas faces em êxtases, encontraremos um desejo sedento de dominar o próprio corpo, lógico! Dominar o corpo é dominar a vida e isto nós todos desejamos intimamente. Nascemos para bailar, fazer piruetas no ar, fazer o outro sorrir, se assim não vivemos é porque nos enganaram. Disseram-nos que a vida é importante na produção, que precisamos trabalhar muito para aumentar o capital, para depois este capital ser repartido por todos e com ele compraríamos tudo: a alegria, a felicidade, todas as belezas do Universo. Só que este dia de partilha nunca chegou e fomos ficando cansados e tristes.
Acontece que uma coisa grande ainda não conseguiram tirar: a certeza de que podemos dominar o Universo, somos homens e ainda podemos pensar, portanto nos resta preparar futuras gerações para viver o belo, a não-competição, a alegria de viver sentindo pulsar da própria vida, dominando o corpo com uma musculatura livre de tensão e uma alma sem picuinhas.
(Olga Brasil)