Desdenhar da Copa ou refazer o Brasil?

Lucidez e sensatez é o que precisamos neste momento, a fim de separarmos o joio do trigo e pensarmos num Brasil melhor em um futuro próximo. Não dá para continuarmos como estamos. A Copa chegou para mostrar como o desenvolvimento econômico do Brasil não chegou aos brasileiros. O dicionário define “Pátria” como o lugar que consideramos o melhor, o preferido, o lugar que amamos. Se não estamos acreditando nisso é porque estamos nos sentindo traídos, não amados, não cuidados.

Com a violência quotidianamente batendo à nossa porta, uma desigualdade social gritante, uma educação minguada e uma saúde capenga, falta-nos estímulo, alegria e força de vontade para erguer a festa que nossos visitantes querem aqui encontrar. Que a Copa não nos leve a correr atrás da bola, mas atrás da nossa brasilidade. Que ela seja o motivo para abrirmos os olhos e tentarmos avaliar nosso país. Há muito já foi dito por nosso sábio e sensível Darcy Ribeiro: “O Brasil é uma máquina de moer gente”. Vamos parar, pensar e refletir. Quem sabe um dia possamos passar a ser um jardim onde floresçam pessoas.

O ponto de partida pode ser a educação se as escolas se dispuserem a viver um paradigma: deixarem de ser fábricas de competição e acúmulo de conhecimento para serem o lugar do crescimento, do pensar, da criatividade e da amorosidade entre as pessoas. No momento em que o Brasil é uma das maiores economias do mundo é estranho o povo brasileiro não estar abrindo os braços para um evento tão significativo como esse, no qual tantas nações virão nos encontrar.

Vale, aqui, refletir sobre o mal que é para uma nação a desigualdade social. Se a Copa não é para todos, se são poucos os que terão acesso à festa, onde estará a alegria e a comunhão? Festejar é participar, partilhar, torcer, vibrar. O esporte é para a união, não para a exclusão. Quem sabe um dia, em uma outra Copa, não tenhamos aprendido a lição. Desdenhar é fútil, fácil e de pouco alcance, mas refletir e repensar pode nos levar a refazer o Brasil que temos hoje e colocá-lo no patamar que os brasileiros merecem.

Olga Brasil.

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